Aporte em Comunicação

O mercado de medicamentos isentos de prescrição médica vive, já há algum tempo, um cenário de alto crescimento e de muito debate no mercado brasileiro. Com taxas de incremento nas vendas na ordem de dois dígitos nos últimos anos, existe uma demanda crescente de outros canais que visam atender esse tipo de consumo, principalmente lojas do canal alimentar. Em entrevista exclusiva ao Portal Giro News, o diretor da ABIMIP, César Bentim, falou sobre o crescimento do setor e a necessidade de um amadurecimento prévio antes de se efetivar uma ampliação de canais.

Amadurecimento
No final de janeiro, a ABIMIP divulgou o projeto de uma campanha para se aproximar do consumidor. "A comunicação está em fase de desenvolvimento, mas o objetivo é destacar a prevenção e dar subsídio para que o brasileiro saiba identificar a causa de seu problema, deixando de apenas combater a consequência", afirma Bentim, que destaca a importância dos MIPs no âmbito econômico e de saúde pública. "Existem pesquisas, que queremos trazer para o Brasil, que mostram que essa também é uma questão econômica. Nos Estados Unidos, por exemplo, cada dólar gasto com MIPs (nos EUA chamados de OTC) você salva o sistema de saúde em sete dólares. Se a proporção for essa no Brasil, nós teríamos salvo o sistema de saúde em R$ 6 bilhões", explica.

Ampliação de Canais
O investimento em educação do brasileiro é, segundo Bentim, uma etapa para uma possível ampliação de canais, que, na avaliação do executivo, não deve ser acelerada. "Este movimento vai depender de um amadurecimento muito grande, não só do consumidor, mas da definição de como seria o atendimento em outros modelos de loja, para tirar dúvidas básicas, e também de como a Anvisa vai encarar isso e que tipo de exigência vai impor para eventuais novos canais. Se uma ampliação fosse aprovada hoje, com certeza seria algo polêmico e controverso. É preciso um tempo para que todos os pontos sejam discutidos e para que seja minimizada a repercussão negativa de algo que pode ser super positivo", analisa o diretor da Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição.

Desempenho do Mercado
Os números de 2015 ainda não estão fechados, porém, a perspectiva é de uma alta de 11%, movimentando cerca de 35% do mercado farmacêutico total, com um montante entre R$ 17 bilhões e R$ 18 bilhões. "Importante destacar que este ano pode apresentar uma mudança de comportamento do brasileiro neste mercado. Com a alta do desemprego e o passar dos meses, muitas famílias vão ficar descobertas de plano de saúde e pode ser que vários males menores, como gripe, resfriados mais leves e dores de ordem mais leve, façam com que o consumidor vá à farmácia para ter alguma orientação do farmacêutico", analisa Bentim. Apesar disso, a projeção para 2016 é de mais cautela. Talvez, pela primeira vez depois de diversos anos, a alta fique fora da casa dos dois dígitos.